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O relacionamento social da criança
Glaucielle Nunes de Oliveira
Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia. Ano 2005
No capítulo em destaque será tratado minuciosamente os aspectos relacionados ao relacionamento social das crianças, levando em consideração o convívio ou não com cães. Para isso, utilizaremos o material colhido nas entrevistas com os pais. Os entrevistados foram interrogados quanto a socialização de seus filhos. Todos responderam que seus filhos apresentam boa socialização.Foi perguntado ainda quanto ao relacionamento das crianças com pais, irmãos e outros familiares. Entre os pais de crianças que não convivem com cães, 3 (três) responderam que há brigas com alguns familiares, enquanto 2 (dois) responderam que seus filhos apresentam bom relacionamento. “... ele não é muito chegado à irmã, que a irmã bate muito nele... tem loucura pelo avô,agora os outros ele não é muito chegado não, porque é a família legítima do meu marido...”[17]
Alan Entin (apud BECKER, 2003, p. 53), um psicólogo de Richmond, Virgínia, que estudou os efeitos dos animais sobre a estrutura familiar, acredita que o bicho de estimação da família pode servir como uma tela para a projeção de emoções que os membros não se sentem seguros em expressar uns para os outros.
De acordo com BECKER (2003) nos tempos frenéticos em que vivemos, os valores humanos e os objetivos comuns podem ser esquecidos, enquanto nos concentramos naquilo que nos falta como uma família e uma sociedade, em vez do que damos uns para os outros. È nesse ponto que o vínculo com um animal pode desempenhar um papel vital na família. Cada pessoa sente uma ligação vital com os animais, através da qual podemos demonstrar o que temos de melhor, nossos valores mais altos. Com a prática, aprendemos a usar essas habilidades no relacionamento com os outros membros da família e com todos os cidadãos do mundo. Mas, à falta delas, como aconteceu com minha família e com papai, um bicho de estimação pode servir como refúgio emocional, um ouvinte paciente e um elo de ligação, que proporciona à família, quaisquer que sejam as dificuldades, um senso de propósito e integração. (BECKER, 2003, p. 65)
Entre os pais de crianças que convivem com cães, 4 (quatro) responderam que seus filhos têm um bom relacionamento com todos. “...é um relacionamento normal... com a avó é normal, como pai também, o pai é muito carinhoso com ele, tem um apego como pai danado... quer ver o pai e a mãe junto... é um relacionamento muito bom... em casa com o irmão, um não consegue ficar sem o outro...”[18]
Apenas 1(um) entrevistado respondeu que seu filho tem um bom relacionamento, mas briga com o irmão.
No estudo de Poresky (apud BECKER, 2003, p. 47), com crianças em idade pré-escolar, foi descoberto que quanto mais alta a pontuação na escala do vínculo com o animal, mais altas as pontuações em todas as medidas de desenvolvimento e empatia. Quando os pais são convidados a classificar as habilidades sociais dos seus filhos, aqueles que têm a classificação mais alta na tabela de vínculo também são os que têm a classificação mais alta na capacidade de confortar e a mais baixa na recusa em cooperar. As pesquisas indicam que cerca de 80 por cento das famílias adquirem algum bicho de estimação quando seus filhos têm em geral entre 5 e 12 anos de idade, pois os pais acham que os bichos vão incentivar a sensibilidade, a responsabilidade e o companheirismo... e de certa forma estão corretos. As crianças que ajudam a criar animais são melhores na decodificação da linguagem do corpo e na compreensão dos sentimentos e motivos dos outros, o que os psicólogos chamam de empatia. Também é alta a percentagem das que desenvolvem a capacidade de dedicar-se aos outros.
Verificou-se também que as crianças educadas no seio de uma família que tenha optado ser responsável por animais de estimação, apresentavam uma melhor comunicação não-verbal, maior popularidade e competência social, assim como níveis mais elevados de auto-estima.
Damon e May (1986 apud GOLDEN, 2004) conduziram um estudo em que três pacientes socialmente isolados, acima de 78 anos de idade, com doença de Alzheimer tiveram a oportunidade de interagir com um cão de terapia chamado Bridget. A tarefa dos participantes era simplesmente segurar a guia do cão por 15 minutos. Durante esse tempo, qualquer um poderia visitar ou acariciar o cão enquanto ele estava sob supervisão do participante. Isso foi permitido para manter um cenário natural. A única dificuldade enfrentada durante a experiência foi quando outros pacientes, fora do grupo alvo do estudo, tentaram tirar a guia dos participantes. Um dos participantes, R.S., era um aposentado de 83 anos . Embora R.S. mantinha habilidades sociais mínimas, ele ainda se mantinha retirado dos outros devido a sua doença debilitante.
Quando foi dado seus 15 minutos com Bridget, foi percebido pelos autores que ele relembrou com o cão suas experiências passadas com cães e seu estado físico atual. Essa experiência também encorajou sua interação com outros pacientes na instituição. Ao fim do dia, muitas horas depois que o cão saiu, R.S. se lembrou da visita do cão, mas não se lembrou da interação com outros pacientes. A segunda participante, J.U., somente podia falar em fragmentos de frases e foi muito difícil entendê-la. Ela estava consideravelmente isolada e retirada de todos da instituição. Ela havia previamente desenvolvido um relacionamento íntimo com outro paciente, que eventualmente teve que ser transferido. Isso a traumatizou e a isolou ainda mais. Na companhia do cão, ela não demonstrava tentativa de conversa com Bridget, mas continuadamente sorria e focava no cão e seu treinador. Durante esse tempo, J.U. também sorria mais para equipe da instituição e outros pacientes, ela até mesmo sentou com o grupo mais ativo durante o almoço.
Depois que Bridge se foi, ela continuou a sentar com o mesmo grupo e sorrir a outros. Finalmente, J.L., um paciente isolado socialmente teve a oportunidade de interagir com Bridget. Durante a visita, ele se tornou muito animado e falou do cão para outros pacientes. Ele quis segurar o cão e até orientou outros pacientes a segurar o cão corretamente. Depois que Bridge foi embora, o humor de J.L. melhorou e assim se manteve por todo o dia, embora não pudesse se lembrar da visita no final do dia. Embora os três pacientes rapidamente se esqueceram da visita do cão de terapia, provou ser benéfico para interações sociais.[19]
Segundo Levinson (1969 apud MACIEL, 2004), introdutor do uso de cinoterapia com crianças, as pessoas geralmente falam com os animais, compartilhando com eles seus pensamentos, sentimentos e lembranças. Além do mais quando um animal está entre duas pessoas, ele sem querer as aproxima, pois tem algo de que possam falar. A mera presença de um cão pode facilitar uma interação terapêutica com os pacientes que possuem pouca ou nenhuma comunicação verbal ou que tenham dificuldades de socialização.[20]
5. O rendimento escolar da criança
Nos capítulos anteriores vimos a diferença existente entre à afetividade, comportamento e relacionamento social das crianças que convivem com cães e aquelas que não convivem com estes animais.Neste capítulo será exposto de que forma o convívio com cães influencia ou não no rendimento escolar de crianças, levando em consideração o conteúdo das entrevistas feitas com os pais.A fim de averiguar o rendimento escolar de crianças que convivem com cães, foi perguntado aos pais como estava o rendimento de seus filhos na escola. Dos pais de crianças que não interagem com cães, 3 (três) responderam que seus filhos apresentam um bom rendimento escolar; 1 (um) comentou que seu filho só vai a creche para brincar, não estuda; e outro respondeu, ainda, que seu filho apresenta dificuldades no português.
Já os pais de crianças que convivem com cães, todos responderam que seus filhos apresentam um bom rendimento escolar. “Eu nunca tive assim, reclamação nenhuma no colégio ... É uma criança maravilhosa, dedicada, estudiosa, não dá trabalho nenhum ... as notas são maravilhosas e pelo menos até agora tá tudo certo.”[21]
A interação com os animais também surte efeitos positivos no desenvolvimento mental das crianças. Robert Poresky (apud BECKER, 2003, p. 59), professor de Desenvolvimento Humano de Estudos de Família da Universidade Estadual do Kansas, entrevistou 88 (oitenta e oito) crianças em idade escolar e suas famílias, de 5 (cinco) creches do Meio Oeste dos Estados Unidos, a fim de determinar até que ponto os bichos de estimação influenciavam o desenvolvimento infantil. Poresky descobriu, então, que as crianças de famílias que possuíam animais tinham um nível superior de desenvolvimento cognitivo, social e motor. Esse elo com o bicho de estimação além de aumentar a competência da criança e seu sentimento geral de que é justa e confiável, também pode ter impacto pequeno, mas positivo, na inteligência. Nesse estudo Poresky constatou que aquelas crianças que tinham pontuações mais altas, em sua Tabela de Vínculo com um Companheiro Animal, eram também as que alcançavam uma média superior de 5 (cinco) pontos nos testes de Q.I. Além disso os pais de crianças que freqüentavam o jardim-de-infância, muito apegadas a seus bichos de estimação, relatavam menos problemas de comportamento. Os professores tinham mais facilidade com essas crianças na sala de aula. Em outro estudo, crianças que disseram ter recebido um apoio emocional significativo de seus bichos de estimação foram classificadas pelos pais como menos ansiosas e retraídas.
Portanto, o que se observa através destes estudos é que o relacionamento com animais pode ajudar não apenas no desenvolvimento cognitivo das crianças mas também a elevar o nível de seu Q.I. e a melhorar seu rendimento na leitura
6. A importância da cinoterapia
Como visto nos capítulos anteriores, procuramos relacionar as entrevistas realizadas com os pais aos temas abordados. Neste capítulo, porém, será analisado o ponto de vista dos psicólogos.A fim de averiguar a importância da Cinoterapia foram feitas entrevistas via e-mail com 2 (duas) profissionais que fazem uso de tal terapia. As entrevistadas foram Alessandra Comin Martins e Manuella Baliana Macial.
De acordo com o que estas relataram na entrevista é uma terapia que utiliza os cães como mediadores do processo terapêutico. É um recurso inovador, com amplas possibilidades de aplicação. Pode ser utilizada em crianças, adolescentes, adultos e idosos, que tenham comprometimento físico, psicológico e/ou social.
Os cães com treinamento especial auxiliam profissionais da área da saúde a trabalhar a fala, equilíbrio, expressão de sentimentos e motivação. Estas terapias contam com cães adestrados por um profissional da área e com o auxílio de psicólogos, fisioterapeutas, médicos e médicos veterinários, onde os cães realizam exercícios buscando estimular o paciente nos sentidos físico e psicológico, trazendo benefícios para o mesmo providenciando numerosas oportunidades para crescimento pessoal baseado em benefícios educacionais, recreacionais ou motivacionais a partir do contato com o animal.
Os exemplos que poderiam ser empregados para ilustrar este ponto são inúmeros. Apesar do desenvolvimento tecnológico o trabalho desempenhado pelos cães guia é bem conhecido e apreciado, muito em especial pelos deficientes visuais. De igual modo, embora menos conhecido, o precioso serviço prestado por cães especialmente treinados para auxiliarem indivíduos com problemas motores, quer estejam acamados quer confinados a cadeiras de rodas, demonstra o quanto a companhia de um animal pode ser benéfica. Estes cães são treinados para apanharem objetos do chão, irem buscar objetos, como o telemóvel e inclusivamente, fecharem portas, apagarem a luz e darem o alerta quando existem alterações do estado de saúde do seu "protegido" humano. O grau de confiança que os indivíduos nesta situação experimentam devido ao apoio prestado pelo cão é notório e significativo.
O contato com o animal proporciona um bem estar imediato, fazendo as pessoas sentirem-se melhor e mais dispostas a falar sobre si, realizar um exercício fisioterápico e até mesmo interagir com o meio social. Desde a primeira sessão nota-se uma resposta positiva ao cão que pouco a pouco vai sendo estendida ao convívio familiar e social.
Melhoras nos quadros de ansiedade, estresse, hipertensão, auto-estima, comunicação e sensibilidade são alguns relatos dos pacientes submetidos à terapia com animais.Um dos efeitos melhor conhecido refere-se à diminuição dos valores de tensão arterial, registrados em pessoas sujeitas a "stress" moderado e na presença de cães amigáveis. É igualmente conhecido o efeito relaxante resultante da observação de peixes expostos em aquários adequados. De fato, podemos observá-los em salas de espera de alguns consultórios, com realce para os de odontologia (BECKER, 2003).
Em entrevista, Manuela Baliana relatou que:
Inúmeras melhoras são observadas. No asilo observamos que as idosas riem mais, se comunicam melhor, sentem menos dor, trabalham a memória (com relação aos nomes dos cães e às lembranças de quando tinham um animal) e até melhoras no caso de depressão. Nas escolas especiais (para autistas e psicóticos), as crianças e adolescentes interagem mais com as pessoas, ficam mais calmos, aumenta a auto-estima, mostram melhoras quanto à agressividade e até fazem vínculo com os cães. Temos relato de uma professora que quando uma criança se apresenta ansiosa é só mencionar no nome de um dos animais que visitam a escola que ela se acalma e conversa sobre a última visita que foi feita pelos animais. Na clínica, em primeiro lugar, a relação transferencial com o terapeuta é bem mais rápida com a presença de um cão. Crianças com dificuldades de falar sobre assuntos delicados, acabam se sentindo mais dispostas à falar na presença de um animal. Na reabilitação, cães com deficiência motivam as pessoas a reagir e lutar por sua melhora.
Segundo Dr. Boris Levinson (apud GOLDEN, 2004), apontado como introdutor do uso de terapia facilitada por cão – TFC, Cinoterapia – com crianças, estas se sentem mais a vontade para relatar suas experiências ao cão, pois elas percebem que o animal é um ser não-crítico e não-julgador. Levinson acidentalmente deixou seu próprio cão, Jingles, sozinho em um quarto com uma criança reservada, quando retornou, percebeu a criança engajada em uma intensa conversa com o cão. Ele determinou que animais poderiam se úteis durante o processo de avaliação com crianças. Embora haja testes para medir traços de personalidade, QI, e habilidades diversas, é difícil verificar através desses testes psicológicos como uma criança irá interagir com outros. Mesmo se um adulto, como um dos pais, está no recinto durante a avaliação da criança, a criança pode ser induzida a agir de uma maneira diferente, atípica. Tendo um animal presente durante a avaliação poderia permitir ao terapeuta apreciar o comportamento da criança. De certa forma, o terapeuta poderia observar a criança se expondo mais. A interação com o animal algumas vezes leva a expressão de alguns problemas profundamente estabelecidos que não seriam revelados de outras maneiras, especialmente aqueles ligados a família.[22]
Reichart (1998 apud GOLDEN, 2004) estudou o valor de animais no tratamento de crianças vítimas de abuso sexual. Salientou a importância da TFC nesse tipo de situação, pois a criança tipicamente se torna fechada e tímida. Em usar o animal, o terapeuta podia ajudar a criança a expressar sentimentos e emoções que não foram reveladas a adultos tão prontamente ou com tanta facilidade. Ele sugeriu perguntar a criança em nome do cão, o que tornou o processo da entrevista mais confortável para a criança. Também foi mencionado que o animal poderia atuar como um "alter ego" para o jovem paciente. Em outras palavras o terapeuta poderia informar a criança que o cão facilitador tinha tido uma certa experiência e perguntaria a criança como ele ou ela se sentiria depois daquela experiência. Com esse recurso a criança podia expressar seus sentimentos a respeito do abuso que sofrera. A expectativa é que a simples presença do cão na terapia ajudem a aliviar alguma parte da ansiedade tipicamente associada com o processo. A criança observa o terapeuta tratando o cão com gentileza e carinho e assume que ela seria tratada da mesma maneira.[23] Em outro estudo, Redefer e Goodman (1989 apud GOLDEN, 2004) usaram uma TFC em sessões com crianças autistas para descobrir se um cão seria um auxiliar útil. O estudo foi conduzido com 12 participantes autistas, 3 meninas e 9 meninos entre os 5 e 10 anos de idade. Os participantes eram testados individualmente. O estudo foi separado em quatro fases: a primeira como avaliação inicial com 3 sessões de 15 minutos cada; a segunda era tratamento, incluindo apenas o terapeuta, a criança e o cão com sessões de 18 a 20 minutos.
A terceira fase compreendia o pós-tratamento, com as sessões semelhantes a fase inicial, sem o cão. A quarta fase era o acompanhamento de um mês depois do início do estudo. Durante a avaliação inicial, tanto ações da criança quanto do terapeuta eram registradas por vários auxiliares enquanto interagiam. Durante as seis primeiras sessões, o terapeuta podia encorajar a criança a interagir com o cão e modelar comportamento apropriado com o animal. Nas seis sessões seguintes, o terapeuta encorajava atividades secundárias com o animal, como jogar uma bolinha, alimentá-lo e escová-lo. Então havia seis sessões restantes, antes do terapeuta retornar aos procedimentos iniciais, para determinar se o tratamento teve êxito. As sessões de terapia eram registradas pelo pesquisador e alguns assistentes. Como resultado da TFC as crianças com autismo exibiram mudanças em seu comportamento. Houve um aumento na interação social de uma média de 2.8 tentativas de interação durante a avaliação inicial para 14.6 quando o cão era introduzido à criança.
Durante o estudo de acompanhamento de um mês, a interação social das crianças caiu, mas se manteve com uma média de 7.4 tentativas de interação, muito mais alto do que nas avaliações iniciais. Durante a terapia houve também um decréscimo no isolamento de 17.2 momentos de isolamento no período de avaliação inicial para 5.8 durante tratamento. O estudo de acompanhamento de um mês indicou que houve aumento depois da terapia, entretanto se manteve com uma média de 12.1 momentos de isolamento, significativamente abaixo da média do período inicial de avaliação. Esse estudo demonstrou que TFC poderia ser usada em crianças com autismo para ajudá-las a interagir com outras pessoas.[24]Em outro artigo, Johnson (1983 apud GOLDEN, 2004) relatou os benefícios da TFC no trabalho com crianças com necessidades especiais. A TFC foi capaz de provocar respostas em crianças que a terapia convencional não provocou. Por exemplo, o artigo discute uma vítima que se tornou totalmente isolada socialmente depois do acidente. Não se comunicava com a equipe do hospital, ficava somente em seu quarto. Quando a equipe levava filhotes ela imediatamente se soltava.
Os filhotes permitiam a criança em ter total controle sobre a aproximação e afeto. Logo depois da introdução inicial dos filhotes, a jovem garota estava disposta a freqüentar a sala de jogos com outras crianças do hospital e insistiu em sair com o grupo para o zoológico.
Outro exemplo do mesmo autor envolveu uma criança com déficit verbal causado por uma desordem cerebral severa. Depois que a criança foi introduzida a um Collie, chamado Duke, demonstrou acentuado incremento em auto-estima e habilidades de comunicação. Como a criança tinha dificuldade de comunicação verbal, o cão permitiu a oportunidade de comunicação não verbal, o que incentivou sua autoconfiança. O autor destacou que a dependência de um cão permitiu a criança com necessidades especiais oferecesse apoio a outro ser vivo, ao revertendo o seu papel de sempre ser apoiada. Em resumo, providenciou senso de autonomia e valor próprio, pois a criança passa a se perceber como útil e benéfica.[25]Nos autistas, a pet terapia proporciona melhora na capacidade de comunicação e na sensibilidade, embora muitos desses pacientes não falem e tenham aversão ao toque.
Uma equipe de voluntários leva cães ao visitar o abrigo de crianças e adolescentes deficientes físicos - O Lar Maria de Lourdes em Jacarepaguá. Lá são deixadas crianças com os mais variados problemas de deficiência, mas a grande maioria é portadora de hidrocefalia e Síndrome de Down:
Nossa equipe leva filhotes da raça Pit Bull para passar uma tarde inteira brincando com essas crianças e o mais incrível é que mesmo as crianças que quase não conseguem falar ou se mexer, ao ver os cachorrinhos, elas fazem um esforço fenomenal para chegarem mais perto deles e ter mais atenção, uns gritam au au, outros fazem sinais com as mãozinhas chamando por nós e outras que não tem a mínima condição de se levantarem da cama apenas sorriem quando colocamos os filhotes perto delas e eles ficam lambendo seus pés. Fazemos este trabalho uma vez por mês e não só ajudamos a levar um pouco de alegria para estas crianças, como também fazemos o possível para levarmos o material necessário para o sustento do Abrigo que vive de doações.[26] A Terapia Facilitada por Cão (cinoterapia) é benéfica também no cenário educacional. No ambiente escolar, crianças são mais prováveis de se abrir a um orientador pedagógico quando o cão está presente, ou até mesmo se a criança sabe que ele possui um cão.
Este pode até mesmo quebrar o gelo entre professores e crianças em uma situação desconfortável.Em entrevista via e-mail com os profissionais, foi solicitado o relato de um caso marcante. Alessandra Comin relatou:Existem vários, mas os mais interessantes são aqueles onde os cães espontaneamente fazem o seu trabalho. Houve um caso de uma criança com paralisia cerebral e uma deficiência mental moderada, extremamente deprimido, com uma significativa atrofia de membros superiores, que nem conseguia pegar uma colher p/ comer. Com algumas sessões, já estava abraçando um cão samoieda que sozinho descobriu que focinhando os bracinhos da criança e colocando a sua cabeça por baixo deles ele conseguia fazer o contato...A criança gostou da experiência, sorriu e isso foi reforçado. Aos poucos a criança se esforçava mais e mais p/ esticar os braços assim que via o cão.
O humor começou melhorar e a motricidade também. Em pouco tempo conseguia tocar o cão sem que o mesmo precisasse lhe cutucar . A relação familiar também melhorou muito, pois os pais participavam da sessão e viam a evolução lenta porém gradual. Essa criança ficou uns 6 meses na terapia com ótima evolução motora, supressão do quadro depressivo, e também melhora no desenvolvimento da interação do paciente com a família, dentro das limitações impostas pela paralisia cerebral. A psicóloga Manuela Balliana relatou:
Uma criança autista que não tinha nenhum contato visual com humanos manteve e mantém até hoje o contato visual e a interação com um determinado cão. Nossa intenção é poder, mais tarde, entrar nesta relação e fazer com que o animal seja uma ponte para a vida social. Outra experiência é com uma adolescente extremamente agressiva, que no seu primeiro contato ficou observando cuidadosamente todos os movimentos que o cão fazia, até que então começou a fazer carinho no animal.
Torna-se evidente que o uso de animais, especialmente cães, na terapia com adultos, jovens e crianças tem sido correlacionados com uma taxa maior de sucesso, a despeito de desafios enfrentados.
7. Considerações finais
Conforme apresentado na introdução, nosso objetivo era identificar a importância da Cinoterapia – Terapia Facilitada por Cães utilizada com crianças que apresentam problemas de afetividade, e comprara a afetividade de crianças que convivem com cães com aquelas que não convivem com estes. Diante da ressalva de que esse tema ainda é muito incipiente, procuramos então realizar uma exploração inicial através de tal pesquisa.
Considerando os dados colhidos por meio de entrevistas com os pais, que foram devidamente analisadas de acordo com as teorias pertinentes, percebe-se que os objetivos preestabelecidos foram alcançados, pois em todos os aspectos analisados, as crianças que convivem com cães mostraram-se mais afetivas, inteligentes, menos agressivas e tendem a ter melhor relacionamento social.
Diante desses resultados vale citar o relato de uma das entrevistadas:
“Na minha opinião eu acho que um animal dentro de casa faz desenvolver uma criança sim tanto sendo ela normal ou não, porque o bichinho estimula, às vezes uma pessoa a criança tem vergonha mas com o animal não, ele tá podendo, ele se entrega ao bichinho completamente, brinca, então às vezes o animal ensina a criança até mais que a gente a ser alegre, que a gente às vezes ta preocupado, só sabe repreender dentro de casa, e quando tá com o bichinho ele fica se divertindo, tão brincando”.[27]
Vale ressaltar que a entrevista foi feita com pais residentes de uma localidade carente, a qual o vínculo das crianças com os cães não é tão acentuado, pois os animais têm função meramente de guarda das casas, e não permanecem dentro das mesmas. Mesmo assim, houve a comprovação de que o contato com o animal, de maneira direta ou indireta, interfere de modo positivo no desenvolvimento da criança.
De acordo com Becker (2003) trata-se de um vínculo que vale a pena explorar, celebrar, proteger e expandir. Se as pessoas tivessem um bicho de estimação o mundo seria mais descomplicado e mais saudável, pois estes nos dão tudo o que tem e não resta a menor dúvida de que é o melhor acordo que a humanidade pode firmar.
Esse vínculo com os animais é a força primordial de uma pessoa feliz e saudável e uma das principais armas da sociedade contra a solidão, a apatia e a depressão.
Concluindo, vale citar o Dr. Martin Becker: Nossos amados bichos de estimação são como vitaminas que nos fortalecem contra ameaças invisíveis; como cintos de segurança nos protegendo contra os desastres da vida; como sistema de alarme nos proporcionando um sentimento de segurança. O poder curativo dos bichos é, de fato, um poderoso medicamento (BECKER, 2003, p.33).
Assim sendo, a contribuição desta pesquisa, no âmbito da psicologia, foi a de demonstrar que, apesar de pouco explorada, a Cinoterapia surge como uma eficiente ferramenta no tratamento de pessoas, especialmente de crianças, que necessitam de auxílio psicológico, proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida, visto que o convívio com animais, em especial com cães, é altamente benéfico.
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THAI RIDGEBACK
(Cão de Crista Dorsal da Tailândia)
O Thailand Ridgeback é a 3ª raça mais rara do mundo, e o nosso canil é um dos pioneiros a criar a raça no Brasil. Os cães do Canil Amichetti são provenientes da cruza
Filho de Fujita (Importada da Republica Tchecka) X Cucoyo (Importado de Porto Rico)
O cão Thai Ridgeback é uma das raças de cães mais antigas no mundo .
Foi reconhecido pela FCI (Federação Cynologinque Internationale) em 28 de julho de 1993 como # 338.
O cão Tailandês Ridgeback vem em quatro cores: Preto, castanho, vermelho e prata ou azul O Thai Ridgeback também é uma das raças mais antigas do Sudeste Asiático.
Existem quatro raças diferentes de cães nativos da Tailândia. Eles são o Cão tailandês ou cão soi (sem crista no dorso - o seu cão de rua básico), o cão Boran (um cachorro totalmente sem pêlo considerada extinta), o cão BangKaew (uma cruza cãoxraposa xlobo ) e por último o cão Ridgeback tailandês, que vem em padrões diferentes, se tornou o mais popular na Tailândia nos últimos vinte anos.
Anos atrás, um livro muito antigo foi encontrado com um desenho de um cão Thai Ridgeback . Este livro é de cerca de 350 anos
Alguns anos atrás, algumas pessoas tailandeses descobriram uma caverna em Uthai-Tanee . Esta caverna é chamada Tum-Pra-Toon. Há um monte de desenhos nesta caverna que mostram a vida cotidiana da época.
Há cães em alguns destes desenhos. Um desenho de um cão era muito claro, ele se parece com muito com o Yhai ridgeback.
Um professor na Tailândia provou que esses desenhos são mais de 3.000 anos de idade. Existem outras cavernas em Korat, que tem muitos desenhos de cães parecidos com os desenhos na caverna Tun-Pra-Toon.
Antes de 1960, não houve mostras de cão na Tailândia. Povo tailandês só tinha cachorros como animais de estimação ou para proteger suas casas.
Entre 1967-1982 houve apenas algumas poucas mostras de cão, criadores e expositores em Bangkok.
Em 1988-1993 houve um "Boom" muito da raça. Alguns cães chegaram a ser vendidos por $ 20.000.
Tailândia e China não são tão distantes. É possível ows Thai Ridgeback de hoje sejam progenitores dos chineses Shar-Pei.
Muitos dizem que o Shar-Pei veio do cão de Phu Quoc. É o cão de Phu Quoc muito parecidi com o thai ridgeback.
Nos tempos antigos, o Rei do Vietnã estava em apuros com o seu povo. Ele fugiu para a Tailândia e ficou com o Rei do Sião (Tailândia costumava ser chamado Siam). O Rei do Sião apoiou o rei do Vietnã para lutar para trás seus inimigos. Ele logo recuperou seu reino e desenvolveu um relacionamento muito bom com muitas pessoas tailandesas. Muitos dizem que ele trouxe de volta o cão Ridgeback tailandês para seu país. Será que esses cães têm evoluído para se tornar o cão Phu Quoc do Vietnã? Além disso, muitos viajantes da África trouxe de volta o cão Phu Quoc para produzir o seu cão Hottentot para criar o Rhodesian Ridgeback na África do Sul.
Padrão Oficial
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CINOFILIA Filiada à Fédération Cynologique Internationale
Classificação F.C.I.:
Grupo 5 - Spitz e Tipos Primitivos
Seção 7 - Tipo Primitivo - Cães de Caça
País de origem: Tailândia
Nome no país de origem: Thai Ridgeback
Utilização: Cão de caça e de companhia
Sem prova de trabalho
THAI RIDGEBACK
Cão de Crista Dorsal da Tailândia
RESUMO HISTÓRICO: o Thai Ridgeback é uma raça antiga que pode ser vista em documentos arqueológicos na Tailândia, escritos a cerca de 360 anos atrás. A raça era usada primordialmente para a caça na parte leste da Tailândia. As pessoas ainda a usavam para escoltar suas carruagens e como cães de guarda. A razão pela qual a raça manteve seu tipo original por tantos anos é devida aos deficientes sistemas
de transporte na parte leste da Tailândia; o que diminuiu suas chances de cruzar com outras raças.
APARÊNCIA GERAL: cão de tamanho médio com pelo curto, formando uma crista sobre o dorso. O corpo é ligeiramente mais comprido que sua altura na cernelha. Músculos são bem desenvolvidos e sua estrutura anatômica é adequada para suas funções.
PROPORÇÕES IMPORTANTES
comprimento do corpo : altura na cernelha = 11:10
profundidade de peito : altura na cernelha = 1:2
COMPORTAMENTO / TEMPERAMENTO: resistente e ativo, com excelente habilidade para saltar. Um leal cão de família.
CABEÇA
REGIÃO CRANIANA
Crânio: o crânio é plano entre as orelhas, mas ligeiramente arredondado quando visto de perfil.
Testa: enrugada quando o cão está atento.
Stop: claramente definido, mas moderado.
REGIÃO FACIAL
Trufa: preta. Em cães azuis, a trufa é azulada.
Cana nasal: reta e longa.
Focinho: em forma de cunha, ligeiramente mais curto que o crânio.
Lábios: justos, com boa pigmentação.
Boca: marcação preta na língua é preferível.
Maxilares: maxilares superior e inferior são fortes.
Dentes: brancos e fortes, com mordedura em tesoura.
Olhos: de tamanho médio e amendoados. A cor do olho é marrom escuro. Nos azuis, olhos de cor âmbar são permitidos.
Orelhas: inseridas nos lados do crânio. Tamanho médio, triangulares, inclinando-se para frente e firmemente eretas. Não cortadas.
PESCOÇO: forte, de tamanho médio, musculoso, ligeiramente arqueado e mantendo a cabeça alta.
TRONCO
Dorso: forte e nivelado.
Lombo: forte e largo.
Garupa: moderadamente inclinada.
Peito: profundo o suficiente para alcançar os cotovelos. As costelas são bem arqueadas, mas não em forma de barril.
Linha inferior: ventre bem esgalgado.
CAUDA: grossa na base com gradual afinamento em direção à ponta. A ponta pode alcançar os jarretes. Portada verticalmente e ligeiramente curvada.
MEMBROS
Anteriores
Ombros: bem colocados para trás.
Antebraços: retos.
Metacarpos: retos, quando vistos pela frente e levemente inclinados, quando vistos de perfil.
Patas: ovais.
Unhas: pretas, mas podem ser mais claras dependendo da cor da pelagem.
Posteriores
Coxas: bem desenvolvidas com joelhos bem angulados.
Jarretes: fortes e bem descidos.
Metatarpos: retos e paralelos, quando vistos por trás.
Patas: ovais.
MOVIMENTAÇÃO: passadas com bom alcance, sem pender para os lados ou com rolamento do corpo. À velocidade normal os passos são paralelos. Quando visto pela frente, as pernas dianteiras movem-se em linha reta de forma que o ombro,cotovelo e metacarpo estão aproximadamente alinhados uns com os outros. Quando visto por trás, o joelho e o ísquio estão aproximadamente alinhados. Move-se em linha reta, para frente, sem jogar as patas para dentro ou para fora, permitindo assim uma longa passada e uma poderosa propulsão. A aparência geral do cão em movimento é de suave fluidez e ritmo bem equilibrado.
PELE : macia, fina e ajustada ao corpo. Garganta: sem barbelas.
PELAGEM
Pelo: curto e liso. A crista na região dorsal é formada por pelos que crescem na direção oposta aos do restante da pelagem. Ela deve ser claramente definida em relação às outras partes do dorso. Há várias formas e comprimentos da crista, mas esta deve ser simétrica em ambos os lados da espinha dorsal e deve estar localizada na largura do dorso. Coroas ou rodamoinhos na cabeça da crista são aceitáveis.
COR: cores sólidas: vermelho, preto, azul e um fulvo muito claro (isabella). Máscarapreta é preferível nos vermelhos.
TAMANHO
Altura ideal na cernelha: machos: 56 - 61 cm
fêmeas: 51 - 56 cm
Há uma tolerância de mais ou menos 2,5 cm (1 polegada) para mais ou para menos.
FALTAS: qualquer desvio dos termos deste padrão deve ser considerado como falta e penalizado na exata proporção de sua gravidade e seus efeitos na saúde e bem estar do cão.
• qualquer mordedura que não seja em tesoura.
• crista assimétrica
FALTAS ELIMINATÓRIAS
• agressividade ou timidez excessiva.
• cães sem a crista.
• pelo longo.
Τodo cão que apresentar qualquer sinal de anomalia física ou de comportamento deve ser desqualificado.
NOTAS:
• os machos devem apresentar os dois testículos, de aparência normal, bem desenvolvidos e acomodados na bolsa escrotal.
SAIBA MAIS SOBRE THAI RIDGEBACK
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