Filhotes de Cães Bully e Gatos Gigantes - O Convívio com Cães no Auxílio ao Desenvolvimento Afetivo Infantil

O Convívio com Cães no Auxílio ao Desenvolvimento Afetivo Infantil
Glaucielle Nunes de Oliveira


Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia. Ano 2005

Resumo

A maior razão para existência dos diversos ramos que atuam na área de saúde é a busca incessante na melhoria na qualidade de vida das pessoas, e nesta procura, a psicologia não surge como exceção. Assim sendo, o estudo do tema torna-se de grande relevância, visto que apesar das correntes tradicionais, a psicologia tem buscado fontes alternativas para proporcionar esta melhoria de qualidade de vida. Desenvolvida pelo Dr. Boris Levinson, a temática em questão apesar de pouco explorada, trata da utilização terapêutica de cães no tratamento de crianças que sofrem com problemas psicológicos, de relacionamento social, de afetividade, de aprendizagem entre outros, baseando-se em estudos que apontam os benefícios do convívio de crianças com esses animais. Estes benefícios foram comprovados nesta pesquisa a partir de análise dos relatos de profissionais de psicologia que realizam este tratamento e pais de crianças que convivem ou não com cães, no sentido de confirmar que de uma forma ou de outra, aquelas que convivem com cães, ou, que fazem tratamento mediado por cães treinados apresentam maior afetividade, convívio social e elevada auto-estima, pois os cães facilitam o convívio da criança com seu meio, porque, segundo os próprios profissionais, estes animais proporcionam um alívio imediato para a pessoa em tratamento e proporciona melhoras nos quadros de ansiedade, estresse, hipertensão, auto-estima, comunicação e sensibilidade.

Palavras-chaves: Cinoterapia. Crianças. Psicologia.

 

1. Introdução

O presente estudo aborda um assunto novo, principalmente no universo teórico da Psicologia. As publicações sobre tal tema são diminutas, assim como as práticas empíricas. Esse fato, particularmente, despertou grande interesse em desenvolver a pesquisa, tornando ambicioso o título do trabalho. Mas, qual a origem desse interesse?

O ritmo frenético atual tem causado grandes problemas não somente aos adultos, mas também às crianças, que têm sido grandes vítimas deste processo. Por esta razão, e em decorrência dos resultados de pesquisas científicas que mostram que o convívio com animais é altamente benéfico, alguns profissionais estão pensando em desenvolver, a partir daí, uma terapia alternativa para auxiliar no tratamento de pessoas que necessitam de auxílio psicológico com o fim de proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida. />

 

 

 

Tal técnica refere-se a Pet Terapia realizada com cães, que teve origem aproximadamente no século XVIII na Inglaterra, onde foi descoberto que a presença do bicho traz benefícios psicológicos, pedagógicos e sociais ao paciente, principalmente às crianças, pois o convívio com cães exerce efeitos benéficos no comportamento afetivo. Com as crianças, os cães estabelecem uma comunicação recíproca que possibilita um desenvolvimento da auto-estima, respeito, companheirismo, visão de futuro e ainda estimula a liberação de substâncias que podem ser benéficas ao organismo, como endorfina e adrenalina (BECKER,2003)
Portanto, o estudo sobre o tema é de suma importância devido ao cenário atual do mundo contemporâneo, em que as pessoas têm seu tempo cada vez mais limitado e o ritmo de vida cada vez mais estressante, levando-as a apresentar problemas de ordem psicológica.

Fazendo um panorama histórico, podemos citar que a interação entre cães e seres humanos foi marcada por cerca de 15 mil anos de admiração e confiança recíprocas. Nesse espaço de tempo, civilizações surgiram e desapareceram, o desconhecido foi explorado, alguns dos grandes obstáculos ao progresso humano foram vencidos. E tudo isso foi feito com o cão – parceiro, companheiro, protetor – ao nosso lado.

No entanto, o ser humano sempre sofreu uma espécie de “Síndrome de Narciso” que o levou a construir mitos de si mesmo, como o de considerar-se feito à “imagem e semelhança de Deus” ou o “coroamento da criação”. É como se toda a evolução biológica que o precedeu fosse uma espécie de ensaio da natureza para atingir o ápice da perfeição: o surgimento do Homo sapiens.[1]

Por sentir-se o centro do universo, o homem reconhecia no animal e nas outras espécies simples “coisas”, desprovidas de vida própria, que existem apenas para o servir. Ao iniciar o processo de civilização, o ser humano levou consigo o planeta inteiro, desequilibrando todo o ecossistema.

A partir do momento que foi despertada a necessidade de preservarmos o meio ambiente, no entanto, surgiu uma nova concepção de relacionamento, voltada para o respeito a todas as formas de vida, onde se incluem os animais.

O animal, que antes servia apenas de suporte, evoluiu também para animal de estimação. Sua relação com o ser humano tornou-se tão complexa que, ao entrar para uma família, ele é capaz de provocar alterações no comportamento de todos os seus membros.

Dos animais domésticos, o cão é uma das espécies mais brincalhonas que existe. Agitação e irreverência são as características comuns a muitos deles. A natureza alegre de um cão saudável é uma das maiores satisfações para o seu dono, por isso não é necessário sublinhar como é benéfica a relação entre uma criança e um cão. Para a criança, o cão torna-se um privilegiado e companheiro inseparável de brincadeiras.

Com todos os avanços da ciência, pesquisas (como as desenvolvidas por BECKER,2003; GOLDEN,2004) mostram, que o convívio com os animais é considerado um dos melhores recursos terapêuticos. Os animais domésticos passaram a ser considerados importantes na sociedade, por oferecer apoio emocional.

Segundo alguns estudos, os animais de comportamento dócil, trazem ao ser humano momentos de tranqüilidade e alegria. Nesses momentos principalmente, as pessoas deixam de lado seus problemas, dores, insatisfações, seus momentos de solidão e tristeza; sentem-se mais dispostas a falar com os animais, pois estes os retornam um olhar não julgador e não crítico. Além disso, a simples presença de um animal de estimação pode ser relaxante, ajuda a diminuir a pressão sangüínea e o estresse.

Para comprovar esta relação, foram realizadas diversas pesquisas científicas, obtendo várias informações relevantes para a Psicologia. Por exemplo, em 1999, Karen Allen (apud FARIA, 2004), cardiologista da Universidade de Nova York, agrupou 48 corretores do mercado financeiro (homens e mulheres) que apresentavam altos níveis de pressão arterial e stress. Metade deles, escolhidos ao acaso, receberam um cão ou gato e passaram a morar juntos. Após um semestre o grupo "tratado" com animais de estimação tinha pressão arterial normal e o stress reduzido à metade. Outros autores pesquisaram a sobrevivência de enfartados coronários possuidores ou não de animais de estimação. Nessa pesquisa, eles analisaram 92 pessoas.

Destas 53 possuíam animais de estimação incluindo cães; neste grupo foi alcançado o índice de sobrevivência de 94%, após o infarto. No restante do grupo, que não possuía animais, o índice obtido caiu para 71%. Em 1997, houve o acompanhamento de 2805 pessoas por 89 meses. As mulheres observadas que tomavam antidepressivos e possuíam animais de estimação, precisavam de doses menores do que as que não os possuíam. Tendo em vista os benefícios obtidos com a interação homem-animal, acredita-se que, uma terapia onde predomine esta interação seja uma alternativa positiva de reabilitação física e mental em seres humanos, pois a ação de cuidar de outro ser vivo tende a ser autocurativa.[2]

Nos idosos, sabe-se que o animal proporciona a melhora da auto-estima devido ao contato físico e ao despertar do senso de responsabilidade. Pelo fato de terem que cuidar do bicho, as pessoas mais velhas passam a se sentir úteis. A introdução de animais em asilos é uma boa forma de recreação e socialização. (LIMA, 2005)

Em muitos lugares, os animais são usados na recuperação de doentes, convalescentes e até presidiários. Na Europa, 30% das terapias de recuperação utilizam animais. Em San Francisco, nos Estados Unidos, existe um programa em que cães e gatos oferecem conforto a pacientes terminais de Aids.

A aplicação dessa técnica foi muito positiva e seus resultados começaram a ser divulgados nos Estados Unidos, indicando a possível melhoria nos aspectos afetivo, comunicativo e cognitivo dos pacientes, principalmente das crianças.

Atualmente, os princípios dessa terapia mediada por animais são utilizados em todo o mundo. O trabalho é realizado através da utilização de cães, gatos, cavalos, peixes, tartarugas, coelhos, etc em hospitais e escolas especializadas no tratamento de crianças que apresentam problemas psicológicos e na reabilitação de crianças portadoras de deficiências múltiplas. O vínculo afetivo que o paciente logo estabelece com o animal é o primeiro passo para o sucesso da terapia, pois abre caminho para a comunicação com o terapeuta.

Os animais que participam são selecionados segundo critérios de saúde e comportamento. São controlados por Médicos Veterinários e submetidos semestralmente a exames laboratoriais, eliminando qualquer risco de contágio. O processo se inicia com a escolha dos animais de acordo com conhecimentos profundos de comportamento animal, analisando se o animal pode ou não ser levado para junto do paciente.

Visto o exposto, não há dúvidas de que muito se tem a ganhar no que se refere ao estudo sobre o tema que desencadeou a pesquisa, visto que produzirá efeitos a posteriori, já que a criança que tem seu lado afetivo bem explorado e desenvolvido terá grandes chances de se tornar um adulto bastante equilibrado afetivamente.

O objetivo da pesquisa proposta foi verificar se o convívio com cães no seio da família realmente influencia o comportamento de crianças, melhorando a comunicação, a auto-estima e principalmente a afetividade infantil. Por isso, foi realizada pesquisa qualitativa de campo - aquela que trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações. Foram feitas entrevistas, via e-mail, com 2 profissionais de psicologia que fazem uso da Cinoterapia – Terapia Facilitada por Cães, a fim de identificar a importância de tal técnica utilizada com crianças que apresentam problemas na afetividade.

Além disso, tendo como objetivos específicos comparar a afetividade de crianças que convivem com cães com crianças que não convivem com cães, foram realizadas, de forma adicional, 10 entrevistas semi-abertas, o que permitiu que o entrevistado relatasse suas experiências de forma livre, não havendo necessidade de ficar vinculado apenas àquilo que lhe foi perguntado; tais entrevistas foram realizadas com pais de crianças na faixa etária de 3 a 10 anos, sendo que os entrevistados foram divididos da seguinte maneira: 5 pais de crianças que possuem cães de estimação e 5 pais de crianças que não possuem cães em casa. Tal pesquisa foi centrada na cidade de Campos dos Goytacazes e todos os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concordando em participar da pesquisa (vide Anexo I e II). A partir das informações colhidas através da pesquisa, houve a utilização da técnica de análise de conteúdo a fim de averiguar a veracidade da hipótese previamente estabelecida.

No primeiro capítulo veremos as diferenças em relação a afetividade e o emocional de crianças que convivem com cães e crianças que não convivem com tais animais. No segundo capítulo abordaremos a relação existente entre o convívio com cães e o comportamento das crianças durante as suas brincadeiras, tendo como foco a averiguação de indícios de agressividade nas brincadeiras daquelas que não convivem com esses animais. No terceiro capítulo trataremos dos aspectos relacionados ao relacionamento social das crianças, levando em consideração o convívio ou não com cães. No quarto capítulo iremos averiguar se o convívio com cães influencia ou não o rendimento escolar das crianças. No quinto e último capítulo abordaremos a importância da cinoterapia, levando em consideração o ponto de vista das psicólogas que fazem uso de tal terapia.

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[1] CARVALHO, V. F. Convívio com Animais é um Recurso Terapêutico. Disponível em: <http://www.kennelclub.com.br/>.
[2] FARIA, A. B. et al. A Cinoterapia no Auxílio à Reabilitação Física de Idosos. Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. Disponível em: http://www.anclivepa-rs.com.br/boleti ... o/boletim_34_htm/pag6.htm.

SAIBA MAIS:

 

  • CÃES F:55 011 9386 8744
  • GATOS F:55 011 8485 4545
  • GERAL F:55 011 4684 1047

 

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